Debate sobre Aborto


QUASE 60% DOS BRASILEIROS SÃO FAVORÁVEIS AO ABORTO EM CASO DE ESTUPRO
Correio da Paraíba 2017
Uma pesquisa lançada nesta segunda-feira (4) aponta em quais casos o brasileiro é favorável ao aborto, ao ser confrontado com diferentes situações concretas vivenciadas pelas mulheres. Entre os entrevistados, 81% dos participantes da consulta afirmaram que concordavam com a interrupção em, ao menos, um dessas situações: em caso de uma gravidez não planejada; falta de condições para criar; no caso de meninas com até 14 anos; se o feto for diagnosticado com alguma doença grave ou incurável; se a mulher correr risco de vida ou caso ela tenha ficado grávida após ser vítima de um estupro.

Tendo em vista cada uma das situações, o maior índice de apoio à interrupção se dá quando a gravidez resulta de um estupro: 59% dos entrevistados se dizem “totalmente a favor”. Se a mulher correr risco de morte na gestação e/ou no parto, o índice passa para 48%. O número chega a 41% quando o feto for diagnosticado com alguma doença grave e incurável, como quando a mulher contrai zika durante a gestação, comprometendo o desenvolvimento neurológico do bebê.

Os percentuais de apoio diminuem nas situações em que se trata de meninas com até 14 anos grávidas (27%); se a família não tiver condições de criar (19%) e em caso de uma gravidez não planejada (11%). O maior índice de rejeição à interrupção é exatamente neste último caso: 66% se dizem “totalmente contra” o aborto quando a gravidez não é planejada.

Intitulada “Percepções sobre o aborto no Brasil”, a pesquisa foi realizada pelo Instituto Locomotiva e pela Agência Instituto Patrícia Galvão, em 12 regiões metropolitanas do Brasil, entre os dias 27 de outubro e 6 de novembro. Foram ouvidas 1.600 pessoas, entre homens e mulheres com 16 anos ou mais. O estudo indica que, quando as situações não são explicitadas, a maior parte das pessoas se diz contra o aborto. Questionados sobre “o quanto é a favor ou contra que as mulheres possam decidir por interromper a gravidez”, 62% dos participantes se disseram contrários; 26%, a favor; 10%, nem contra, nem a favor; e 2% não sabiam ou não responderam.

Contradições

O estudo revela que, entre aqueles que se disseram contrários ao aborto de uma forma geral, 75% são favoráveis a que a mulher possa interromper a gravidez em ao menos uma das situações listadas. A aparente contradição é, na opinião da diretora-executiva da Agência Patrícia Galvão, Jacira Melo, uma consequência da forma como o tema é tratado no Brasil. “Quando você coloca o aborto em determinadas situações muito reais e concretas, você vê que as respostas caminham para o lado da racionalidade, da realidade. A população demonstra mais flexibilidade, um olhar mais atencioso para o problema, que é um problema de saúde pública”, afirma.

A pesquisa aponta ainda uma relação entre a opinião sobre o aborto e a escolaridade do entrevistado. O número de pessoas favoráveis à interrupção da gravidez acompanha o crescimento do nível de escolaridade. Entre as que têm o ensino superior completo, 35% disseram ser favoráveis ao aborto. Já o grupo de pessoas que têm até o ensino fundamental completo é o que registra maior índice de rejeição à interrupção da gravidez: 67%.

Pessoas conhecidas

Um dado inédito trazido pela pesquisa aponta que 45% dos entrevistados conhecem uma mulher que realizou um aborto ou interrompeu a gravidez. Em números absolutos, o percentual corresponde a 72 milhões de brasileiros com mais de 16 anos. Do total, 25% afirmaram que a conhecida que interrompeu uma gravidez é uma pessoa próxima e 16% afirmaram não ser “uma mulher não tão próxima”.

Quando analisado o gênero dos entrevistados, a pesquisa conclui que mais mulheres do que homens afirmam conhecer alguém que já realizou um aborto. São 52% no caso das mulheres e 34% no dos homens. “Nós estamos falando exatamente dessa questão: ao pé do ouvido, as pessoas estão falando do tema do aborto, sobretudo as mulheres”, alerta Jacira. Para a diretora da Agência Patrícia Galvão, “se esse tema fosse mais debatido, menos interdito na sociedade, nós teríamos outra posição”.

Criminalização

A pesquisa também investigou a percepção das pessoas sobre a criminalização da prática do aborto. Questionados se “uma mulher que interrompe a gravidez intencionalmente deveria ir para a cadeia”, 50% concordam e 38% discordam. Porém, quando se trata de alguém próximo como uma amiga que tenha feito aborto, 47% das pessoas não fariam nada e somente 7% chamariam a polícia.

A abordagem policial da questão não é considerada a mais apropriada, na opinião da maior parte dos brasileiros. Cerca de 8 em cada 10 entrevistados afirmam que a discussão sobre aborto no Brasil é uma questão de saúde pública ou de direitos, enquanto apenas 1 em cada 10 acreditam que seria um "assunto de polícia".

PEC 181

Atualmente em discussão na Câmara dos Deputados, a Proposta de Emenda Constitucional 
(PEC) 181/2015, que tratava inicialmente da ampliação da licença-maternidade para mães com bebês prematuros, inclui dispositivos que podem abrir a possibilidade de proibir todas as formas de aborto no país, inclusive nos casos considerados legais atualmente, como o aborto. Inicialmente, o texto tratava somente da ampliação da licença-maternidade para mães com bebês prematuros

No Brasil, o aborto é legalmente permitido em três casos: quando não há meio de salvar a vida da mãe, quando a gravidez resulta de estupro e quando o feto é anencéfalo. De acordo com a Pesquisa Nacional do Aborto 2016, feita por pesquisadoras da Universidade de Brasília (UnB), apenas em 2015, 500 mil mulheres realizaram um aborto ilegal. O número pode ser maior, já que muitas pessoas praticam o aborto sozinhas e não comunicam o fato.

Revisão pro Simulado

Atividade de Revisão  3º ano
Aluno(a): ______________________________ Prof.: Aline
1) Quais as principais características da primeira fase do Modernismo na Literatura Brasileira?
2) O que foi a Semana de Arte Moderna de 1922, quais os principais artistas envolvidos, qual o legado dessa semana?
3) Manifesto antropofágico — o que foi, quem idealizou, quais os objetivos e quais as consequências? Apresente trechos desse manifesto.

4) Manifesto Pau-Brasil — o que foi, quem idealizou, quais os objetivos e quais as consequências? Apresente trechos desse manifesto.
5) Quais autores representam esse período da Literatura Brasileira e com quais obras? Procure trechos dessas obras. 
6) 1. Onde e quando aconteceu a Semana de Arte Moderna?
___________________________________________________________________________________
7) O que marca a Semana de Arte Moderna na literatura brasileira?
______________________________________________________________________________

8) Cite dois artistas participantes da Semana na:
a) Música: b) Literatura: c) Pintura:
______________________________________________________________________________
9) Cite dois livros publicados antes da realização da SAM, que de uma forma ou de outra, motivaram a realização da mesma.
______________________________________________________________________________

10) Além de declamação de poesia, o que mais foi apresentado nesses três dias?
______________________________________________________________________________
11)  Cite os dois objetivos principais da Semana de Arte Moderna.
______________________________________________________________________________

12) Qual o nome do poema de Manuel Bandeira lido na SAM por Ronald de Carvalho?
______________________________________________________________________________
____________________________________ 

Eletiva- Gordofobia

'A gente não quer mais ser visto como doente': a vida de quem é alvo de gordofobia

Vinicius LemosDe Cuiabá para a BBC Brasil


O cinto de segurança da jornalista e youtuber, Alexandra Gurgel, de 28 anos, não fechou durante sua última viagem aérea. O episódio, que aconteceu em setembro, tornou-se rotina. No entanto, desta vez a companhia aérea informou que não havia extensor para adaptar o item de segurança e ela teve de fazer o trajeto de São Paulo a Salvador sem cinto.
"É uma situação constrangedora. Foi péssimo, me senti desprotegida e diferente dos demais. Conheço pessoas gordas que evitam viajar de avião só para não passar por isso", comenta a youtuber. Nas viagens aéreas, Alexandra sempre recorre a cadeiras maiores, para que possa se sentir confortável. "Eu sou alta, tenho 1,74m, e possuo 127 centímetros de quadril. Então, quando posso, compro o assento mais espaçoso, mas ainda assim preciso do extensor."
A dificuldade durante o voo é apenas um exemplo das tantas adversidades encontradas por Alexandra ao longo de sua vida, em razão do sobrepeso que a acompanha desde a infância. A jornalista demorou décadas até aprender a lidar com o fato de ser uma pessoa gorda. No caminho da autoaceitação, chegou a fazer uma lipoaspiração em diversas partes do corpo e tentou o suicídio.
Os empecilhos enfrentados por pessoas gordas estão em todos os lugares. Seja na hora de comprar roupa, escolher lugar para sentar ou ao passar em uma catraca, as dificuldades mostram que nem tudo é inclusivo. Além disso, há ainda os diversos comentários ofensivos, as piadas preconceituosas e as observações maldosas disfarçadas de preocupação. Isso tudo recebe o nome de gordofobia.
O termo recente é utilizado para definir o preconceito enfrentado por quem tem sobrepeso. Apesar de ter ganhado uma definição, os atos não são considerados crimes.
O problema não é recente. Olhares tortos para pessoas gordas já eram comuns na Idade Média, quando a igreja passou a considerar a gula como um dos sete pecados capitais. "O cristianismo fez com que tudo fosse muito ponderado, inclusive o corpo. Então a pessoa não poderia ser muito gorda, porque isso seria um pecado. Além disso, a comida era extremamente escassa na Europa, durante os períodos frios. Não havia alimentação para todos e não era interessante que as pessoas fossem gordas", explica a historiadora Débora Casanova.
"Na Idade Média, havia a necessidade de a igreja ser responsabilizada pela fome. Para justificar que a pessoa não poderia comer muito e acabar deixando o outro sem nada, a gula se tornou pecado", acrescenta.
A gordofobia chama a atenção em um país cuja população está cada vez mais acima do peso. Conforme levantamento divulgado pelo Ministério da Saúde neste ano - por meio de análise da Pesquisa de Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel) -, a população obesa no País passou de 11,8% em 2006 para 18,9% em 2016.
A mesma pesquisa apontou que o excesso de peso também aumentou nos últimos 10 anos. Em 2006, o número era correspondente a 42,6% dos entrevistados. O índice subiu para 53,8% no ano passado. Os levantamentos são feitos com base no Índice de Massa Corporal (IMC) da população.

A discriminação

Os comentários maldosos e a sensação de ser diferente acompanharam Alexandra Gurgel desde a infância. "Eu sou gorda desde sempre. Quando criança, tentei muitas dietas, mas nada dava certo, porque era tudo muito restritivo", relembra. Na adolescência, o sobrepeso começou a incomodar ainda mais a youtuber. "Eu era a única pessoa gorda na minha família e entre os meus amigos. Os meus parentes costumavam dizer que eu não era normal e que poderia ter um infarto e morrer a qualquer momento."
As críticas vindas da própria família também eram ouvidas pela universitária Isabela Venâncio, de 23 anos. "Eu comecei a engordar na infância e isso preocupou a minha mãe. Hoje temos uma relação melhor, mas ela sempre repetia: 'se você emagrecer vai ser melhor e vai ficar mais bonita'", conta. A jovem também lidava com comentários maldosos na escola. "Na pré-adolescência, os meninos me xingavam e as meninas não andavam comigo. Certa vez, um menino me falou uma coisa muito pesada e eu comecei a chorar na sala. Eu não lembro o que ele falou, parece que meu cérebro deletou."
A professora Laine Souza, de 35 anos, lida com o preconceito de diversas formas desde a infância. "Eu era uma criança que sofria por ser negra e gorda. A minha família teve boas condições e eu estudava em bons colégios. Em algumas épocas, era a única negra e gorda da escola. As pessoas me viam diferente por isso."
Para evitar que os comentários ofensivos o afetassem, o publicitário e youtuber Bernardo Boechat, de 27 anos, passou a criar uma espécie de autoproteção. "Aprendi a lidar com isso cedo, porque sempre fui xingado na escola e sofria humilhações por ser gordo. Não havia nenhuma proteção na escola, viam isso acontecer e não faziam nada. Então, eu tive que criar uma 'casca' para que essas coisas não me afetassem tanto", diz.
O perfil mais combativo é adotado por algumas pessoas que são alvos de gordofobia, como no caso da empresária Allyne Turano, de 31 anos. Ela engordou durante a adolescência e passou a ser alvo de piadas. "Eu comecei a perceber os xingamentos e sempre os respondia. Nunca deixei as pessoas me diminuírem", pontua. Para ela, qualquer tipo de comentário sobre o peso é uma espécie de invasão. "A pessoa quando engorda, parece que vira de domínio público e todo mundo tem o direito de falar o que quiser, com a desculpa de que é uma ajuda. Na verdade, é porque o gordo incomoda."
A psicóloga Iolete Silva explica que a gordofobia traz consequências como constrangimento e dificuldade de socialização. "As pessoas se sentem inadequadas, como se houvesse algo errado com elas. É como se elas não fossem boas o suficiente para estar com os outros e para receber afeto", conta. Ela detalha que a psicologia pode ter papel fundamental para auxiliar quem enfrenta tais situações. "A gente tenta mostrar que a pessoa que exprime esse preconceito é quem está errada e não quem é o alvo."
"É fundamental que as pessoas que passam por situações assim possam expressar seus sofrimentos, para que possam ser acolhidas o quanto antes. Muitas vezes elas escondem esse sentimento e isso é ainda mais prejudicial", acrescenta Iolete.

Dificuldades do cotidiano

Os comentários relacionados ao peso não incomodam mais o publicitário Bernardo Boechat, que afirma que sua maior preocupação atual é com a acessibilidade. "A primeira coisa que precisamos fazer é olhar em volta, para ver se cabemos no mundo. Sempre analiso, antes de sair, preciso avaliar se as cadeiras vão suportar meu peso. Em avião e ônibus, sempre pesquiso se a cadeira vai me aguentar, por isso cheguei a ficar quatro anos sem viajar", conta.
"Não interessa o quanto eu me ame e me aceite, a sociedade continua sendo contra mim. Não é porque eu me amo que vou conseguir passar em uma catraca de ônibus, que vou conseguir assento no avião ou que vou encontrar roupa com facilidade. Não adianta eu me achar lindo e maravilhoso, porque a estrutura gordofóbica vai dizer que não faço parte daquilo ali", completa Boechat.
O episódio da falta de extensor no cinto de segurança é apenas uma das situações que Alexandra Gurgel cita sobre casos de inacessibilidade. Ela se recorda de diversos problemas enfrentados por pessoas próximas. "Eu fui com um amigo ao teatro, para assistir a um show, e não havia cadeira para ele sentar. Ele ficou desconfortável na ponta da cadeira, a gente assistiu cinco músicas e foi embora. Eu também tenho uma amiga que está grávida e não tem onde ter o filho, porque a maca não suporta o tamanho dela."
"É muito mais fácil emagrecer e se encaixar a um padrão, para não passar por esse tipo de problema, do que mudar a sociedade. Muita gente não se pergunta o porquê de as pessoas gordas não terem os mesmos direitos que as outras", assevera.
A dificuldade para comprar roupas é relato constante entre as pessoas que vivem acima do peso. A universitária Isabela Venâncio conta que sempre sofria em busca de alguma peça que lhe coubesse. "As lojas oferecem até determinado número. Em muitas não há roupa no meu tamanho, já enfrentei isso várias vezes. Hoje em dia existem lojas que nem perco meu tempo entrando, porque sei que vou passar raiva e ficar triste", relata. Hoje, ela compra a maioria das roupas em lojas plus size.
Bernardo Boechat acredita que o mercado plus size é fundamental para a inserção da pessoa gorda na sociedade. "Não é raro a gente ver as pessoas vestindo roupas e chorando, porque imaginaram que nunca conseguiriam isso. É como se elas percebessem que também têm esse direito", diz. O publicitário revela que há um ano se emocionou ao colocar, pela primeira vez, uma camiseta. "Parece bobo, porque quase ninguém passa por isso, mas pra mim foi muito importante", relata.
Os contratempos para encontrar roupas também fizeram parte da rotina da empresária Allyne Turano. Em uma das vezes, ela buscava uma lingerie para comemorar os oito anos de casamento, porém não encontrou nenhuma do seu tamanho. "Acho que as pessoas pensam que gordas só devem usar roupas largas e se esconder", diz.
Diante da dificuldade, decidiu criar uma loja virtual especializada em lingeries para mulheres com sobrepeso. "A minha marca existe há três anos de modo online e há um mês criei um espaço físico. O meu intuito é mostrar para outras meninas que gorda também pode ser sensual."

Emagrecimento

O histórico de diversas tentativas de emagrecimento faz parte das vidas das pessoas gordas. "Eu brinco que se uma pessoa quer saber sobre uma dieta, pode conversar com uma pessoa gorda. Eu já fiz muitas dietas restritivas, nas quais ficava até quatro dias sem comer. Já tomei remédios e perdi mais de 50 quilos, mas nada disso era saudável", diz Bernardo Boechat.
Para conseguir emagrecer, a professora Laine Souza decidiu procurar o primeiro emprego, aos 19 anos. "Consegui trabalhar como recepcionista e com o meu primeiro salário comprei remédios para emagrecer", se recorda.
Ela perdeu 12 quilos em um mês, porém começou a ter diversos problemas de saúde. "Eu comecei a ter distúrbios por conta dos medicamentos. Eu ouvia coisas que não existiam, passava muito mal, mas não falava nada disso para ninguém. Eu pensava: 'estou sofrendo, mas ao menos estou magra'", diz.
Na adolescência, Alexandra Gurgel desenvolveu depressão. "Você têm doenças paralelas por conta dessa pressão estética. Eu sofri com crises de ansiedade", diz. Aos 19 anos, ela fez uma dieta com a qual conseguiu emagrecer 15 quilos em duas semanas. "Era uma coisa muito louca, eu apenas bebia água e não comia nada, mas logo desisti disso e recuperei todo o peso."
Em 2012, ela ganhou um presente da mãe: uma lipoaspiração em diversas partes do corpo. "Hoje, acredito que esse procedimento seja uma agressão ao corpo. Antes dele, eu tinha 90 quilos e depois fui para 80. O médico tirou nove litros de gordura. Isso é muito mais que o permitido", comenta. Após a cirurgia, a depressão da jornalista se intensificou. "Eu voltei a engordar tudo de novo e isso me deixou muito mal."
Durante esse período, Alexandra enfrentou o episódio que considera dos mais difíceis de sua vida. "Eu não aceitei que estava engordando novamente e comecei a me culpar muito. Por isso, tentei me matar tomando todos os tipos de remédios possíveis", relata. Ela foi socorrida a tempo e se recuperou meses depois.
Para a nutricionista Marcela Kotait, especialista em transtorno alimentar e obesidade, situações de gordofobia fazem com que a pessoa se sinta obrigada a emagrecer.
"O padrão de beleza é de extrema magreza. Enquanto um perfil é valorizado demais pela magreza, o outro é rechaçado pela gordura", comenta. Marcela explica que a saúde vai além do peso corporal. "As pessoas com excesso de peso e obesidade sofrem com um estigma muito grande. Existe a crença de que alguém acima do peso é doente. Isso não é verdade", argumenta.
"Uma pessoa obesa que faz atividade física e se alimenta de maneira adequada pode ter os exames laboratoriais estáveis. Ela pode estar bem e saudável. Não necessariamente esse peso vai ser um fator de risco isolado", completa.
Segundo a nutricionista, uma pessoa gorda deve ter os mesmos cuidados que alguém magro. "As pessoas devem se alimentar de modo equilibrado, não pode fazer restrições de grupos alimentares nem dietas malucas. A gente sabe que 95% das pessoas que fazem esse tipo de dieta vão ganhar novamente o peso. Isso aumenta a culpa, a sensação de fracasso e colabora com a pecha de que todo gordo é preguiçoso."
A especialista ainda relata que o Índice de Massa Corporal não é um método confiável para definir se alguém possui sobrepeso. "O IMC vai avaliar simplesmente o peso pela altura, multiplicado ao quadrado. Se a pessoa for muito forte, vai pesar muito. Ele não consegue caracterizar a composição corporal. Uma das metodologias mais adequadas é a variação da composição corporal, percentual de gordura ou percentual de massa magra."

Problemas de saúde

Para as pessoas gordas, a ligação entre obesidade e doença é um dos estigmas que mais causam preocupação. "A nossa luta é para que a obesidade seja retirada da categoria de doenças. O corpo gordo, em si, não causa doença nenhuma. O que pode causar problemas são as várias doenças que podem ser associadas", justifica Bernardo Boechat.
"A gente quer deixar de ser visto como pessoa doente. Queremos que nos enxerguem como seres humanos. É importante também que haja uma medicina que nos abrace, para que possamos ser a versão mais saudável de nós mesmos", complementa.
Allyne Turano afirma que as diversas críticas relacionadas à saúde costumam incomodá-la. "Usam sempre essa questão como desculpa. Dizem que devemos emagrecer por questões de saúde, mas ninguém pergunta se você está realmente doente", comenta.
Segundo ela, o estereótipo que relaciona a pessoa acima do peso a doenças dificulta diagnósticos de médicos. "A gente acaba não se consultando com frequência por medo de receber ataques, em vez de medicação. Certa vez fui ao endocrinologista para fazer procedimentos de rotina e saí de lá com exames para uma cirurgia bariátrica, mesmo sem ter pedido", relembra.
A dificuldade para receber um diagnóstico foi vivenciada pelo bacharel em Direito João Vitor Dias, de 33 anos. O rapaz acredita que demorou nove anos para descobrir que possuía problemas nos rins, pois os médicos acreditavam que suas mazelas se restringiam ao sobrepeso. "Durante anos, meu principal diagnóstico foi a obesidade, só em 2015 descobri que sofro de insuficiência renal crônica."
Atualmente, Dias faz tratamento de hemodiálise e perdeu 42 quilos em razão dos procedimentos médicos.

Em paz com o peso

De diversas formas, as pessoas gordas tentam buscar meios para lidar da melhor maneira com o peso. Laine Souza mudou a visão que possuía de si mesma após ouvir uma aluna lamentar o sobrepeso. "Ela tinha os mesmos problemas que eu quando mais jovem. Então, decidi que poderia lidar melhor com isso e ajudar diversas pessoas, principalmente adolescentes, que passam por essa pressão estética de um modo muito grande."
Ela conta que sofre mais preconceito por ser negra do que gorda. "Acho que por eu me aceitar como gorda, e como negra também, as pessoas não chegam tanto para falar comigo sobre o meu peso. Mas em relação à raça, eu vejo nos lugares. Diversas vezes já estive em lojas e os seguranças ficaram de olho em mim", comenta. Mesmo com as adversidades, Laine tenta não se abater. "Estou em uma fase da vida em que as pessoas podem falar o que quiserem pois vou continuar fazendo o que tenho vontade."
Uma das sensações mais libertadoras para Allyne Turano aconteceu há dois anos, em uma praia. "Eu nunca tive grandes problemas com meu peso, mas mesmo assim tinha meus receios. Um dia, fui de maiô para a praia, por conforto e também porque me boicotei para não ir de biquíni. Mas eu peguei sol, fiquei com a barriga branca e odiei. Depois disso, coloquei o biquíni. Foi uma experiência incrível", rememora.
O biquíni também foi um dos meios de libertação de Alexandra Gurgel. "As pessoas me olhavam, mas eu não me importava. São várias amarras que existem na cabeça da pessoa gorda, mas hoje vou para a praia de biquíni, sem paranoias", explica. Além da roupa de banho, ela também conta que começou a fazer terapia, logo após se recuperar da tentativa de suicídio, e passou a estudar sobre minorias.
"Eu digo que uma das minhas maiores ajudas para me recuperar de tudo isso foi descobrir sobre o feminismo, porque ele me ensinou que eu não sou obrigada a nada e posso ser da forma que quiser. Entendi a gordofobia e peguei essa causa para mim", diz.
Desde 2015, ela possui um canal no qual fala sobre situações relacionadas a pessoas gordas. "Eu costumo dizer que a câmera é a minha terapeuta", conta Alexandra, que costuma ignorar as críticas ofensivas que recebe em sua página. "Não vale a pena me importar com isso, porque descobri que são pessoas frustradas."
Bernardo Boechat também encontrou na produção de conteúdo para a internet uma alternativa para ajudar outras pessoas. Um dos vídeos dele, no qual explica sobre gordofobia, possui mais de 1,5 milhão de visualizações no Facebook.
"Costumo receber muitas mensagens de pessoas que me dizem que não sabiam que poderiam reclamar de determinado fato. Elas percebem que não são os únicos que passam por isso. Os gordos normalmente se sentem muito sozinhos."
Assumidamente homossexual, o rapaz conta que sempre sofre mais preconceito em razão do peso. "O movimento LGBT está muito avançado, há diversos debates sobre o assunto, então é mais esclarecido. Porém, o movimento gordo ainda está ganhando visibilidade, porque antes não havia isso", comenta. Ele torce para que a causa das pessoas acima do peso passe a ganhar mais visibilidade. "A gente quer uma sociedade inclusiva, aberta a todos, independente de a pessoa ser gorda ou não."

Súplica Cearense

(O meu Ceará gozará nova sorte)
Oh! Deus
Perdoe esse pobre coitado
Que de joelhos rezou um bocado
Pedindo pra chuva cair
Cair sem parar

Oh! Deus
Será que o senhor se zangou
E é só por isso que o sol se arretirou
Fazendo cair toda chuva que há

Oh! Senhor
Pedi pro sol se esconder um pouquinho
Pedi pra chover
Mas chover de mansinho
Pra ver se nascia uma planta
Uma planta no chão

Oh! Meu Deus
Se eu não rezei direito
A culpa é do sujeito
Desse pobre que nem sabe fazer a oração

Meu Deus
Perdoe encher meus olhos d'água
E ter-lhe pedido cheio de mágoa
Pro sol inclemente
Se arretirar, retirar

Desculpe, pedir a toda hora
Pra chegar o inverno e agora
O inferno queima o meu humilde Ceará

Oh! Senhor
Pedi pro sol se esconder um pouquinho
Pedi pra chover
Mas chover de mansinho
Pra ver se nascia uma planta no chão
Planta no chão

Ganância demais
Chuva não tem mais
Roubo demais
Política demais
Tristeza demais
O interesse tem demais!

Ganância demais
Fome demais
Falta demais
Promessa demais
Seca demais
Chuva não tem mais!
(Meu Ceará gozará nova sorte)
Ó Deus...
Só se tiver Deus...
Ó Deus...

Tropicália- Caetano Veloso

"Quando Pero Vaz Caminha
Descobriu que as terras brasileiras
Eram férteis e verdejantes,
Escreveu uma carta ao rei:
Tudo que nela se planta,
Tudo cresce e floresce.
E o Gauss da época gravou".

Sobre a cabeça os aviões
Sob os meus pés os caminhões
Aponta contra os chapadões
Meu nariz

Eu organizo o movimento
Eu oriento o carnaval
Eu inauguro o monumento
No planalto central do país

Viva a Bossa, sa, sa
Viva a Palhoça, ça, ça, ça, ça
Viva a Bossa, sa, sa
Viva a Palhoça, ça, ça, ça, ça

O monumento
É de papel crepom e prata
Os olhos verdes da mulata
A cabeleira esconde
Atrás da verde mata
O luar do sertão

O monumento não tem porta
A entrada é uma rua antiga
Estreita e torta
E no joelho uma criança
Sorridente, feia e morta
Estende a mão

Viva a mata, ta, ta
Viva a mulata, ta, ta, ta, ta
Viva a mata, ta, ta
Viva a mulata, ta, ta, ta, ta

No pátio interno há uma piscina
Com água azul de Amaralina
Coqueiro, brisa e fala nordestina
E faróis

Na mão direita tem uma roseira
Autenticando eterna primavera
E no jardim os urubus passeiam
A tarde inteira entre os girassóis

Viva Maria, ia, ia
Viva a Bahia, ia, ia, ia, ia
Viva Maria, ia, ia
Viva a Bahia, ia, ia, ia, ia

No pulso esquerdo o bang-bang
Em suas veias corre
Muito pouco sangue
Mas seu coração
Balança um samba de tamborim

Emite acordes dissonantes
Pelos cinco mil alto-falantes
Senhoras e senhores
Ele põe os olhos grandes
Sobre mim

Viva Iracema, ma, ma
Viva Ipanema, ma, ma, ma, ma
Viva Iracema, ma, ma
Viva Ipanema, ma, ma, ma, ma

Domingo é o fino-da-bossa
Segunda-feira está na fossa
Terça-feira vai à roça
Porém...

O monumento é bem moderno
Não disse nada do modelo
Do meu terno
Que tudo mais vá pro inferno
Meu bem

Que tudo mais vá pro inferno
Meu bem

Viva a banda, da, da
Carmem Miranda, da, da, da, da
Viva a banda, da, da
Carmem Miranda, da, da, da, da

Músicas Trovadorismo

FICO ASSIM SEM VOCÊ ( Adriana Calcanhoto)

Avião sem asa
Fogueira sem brasa
Sou eu assim, sem você
Futebol sem bola
Piu-Piu sem Frajola
Sou eu assim, sem você

Por que é que tem que ser assim?
Se o meu desejo não tem fim
Eu te quero a todo instante
Nem mil auto-falantes
Vão poder falar por mim

Amor sem beijinho
Buchecha sem Claudinho
Sou eu assim sem você
Circo sem palhaço
Namoro sem abraço
Sou eu assim sem você

Tô louco pra te ver chegar
Tô louco pra te ter nas mãos
Deitar no teu abraço
Retomar o pedaço
Que falta no meu coração

Eu não existo longe de você
E a solidão é o meu pior castigo
Eu conto as horas pra poder te ver
Mas o relógio tá de mal comigo

Eu não existo longe de você
E a solidão é o meu pior castigo
Eu conto as horas pra poder te ver
Mas o relógio tá de mal comigo

Por quê? Por quê?

Neném sem chupeta
Romeu sem Julieta
Sou eu assim, sem você
Carro sem estrada
Queijo sem goiabada
Sou eu assim, sem você
Você

Por que é que tem que ser assim?
Se o meu desejo não tem fim
Eu te quero a todo instante
Nem mil auto-falantes
Vão poder falar por mim

Eu não existo longe de você
E a solidão é o meu pior castigo
Eu conto as horas pra poder te ver
Mas o relógio tá de mal comigo

Eu não existo longe de você
E a solidão é o meu pior castigo
Eu conto as horas pra poder te ver
Mas o relógio tá de mal comigo

Por quê? Por quê?

VAGALUMES (Pollo)

Vou caçar mais de um milhão de vagalumes por aí,
Pra te ver sorrir eu posso colorir o céu de outra cor,
Eu só quero amar você,
E quando amanhecer eu quero acordar...
Do seu lado.

Vou escrever mais de um milhão de canções pra você ouvir
Que meu amor é teu, teu sorriso me faz sorrir,
Vou de Marte até a Lua, cê sabe já tô na tua,
Não cabe tanta saudade essa verdade nua e crua,
Eu sei o que eu faço, nosso caminho eu traço,
Um casal fora da lei ocupando o mesmo espaço,
Se eu to contigo não ligo se o sol não aparecer,
É que não faz sentido caminhar sem dar a mão pra você,
Teu sonho impossível vai ser realidade,
Sei que o mundo tá terrível mas não vai ser a maldade que
Vai me tirar de você, eu faço você ver,
pra tu sorrir eu faço o mundo inteiro saber que eu...

Vou caçar mais de um milhão de vagalumes por aí
E pra te ver sorrir eu posso colorir o céu de outra cor
Eu só quero amar você
E quando amanhecer eu quero acordar...
Do seu lado.

Pra ter o teu sorriso descubro o paraíso
É só eu ver sua boca que eu perco o juízo por inteiro,
Sentimento verdadeiro eu e você ao som de Janelle Monáe,
Vem, deixa acontecer
Me abraça que o tempo não passa quando cê tá perto,
Dá a mão e vem comigo que eu vejo como eu tô certo,
Eu digo que te amo cê pede algo impossível,
Levanta da sua cama hoje o céu está incrível.

Vou caçar mais de um milhão de vagalumes por aí
E pra te ver sorrir eu posso colorir o céu de outra cor
Eu só quero amar você
E quando amanhecer eu quero acordar...
Do seu lado.

Faço dos teus braços um lugar mais seguro,
Procurei paz em outro abraço não achei eu juro,
Saio do compasso, passo apuros que vier,
Abro a janela pra que você possa ver...

Vou caçar mais de um milhão de vagalumes por aí,
E pra te ver sorrir eu posso colorir o céu de outra cor,
Eu só quero amar você,
E quando amanhecer eu quero acordar...
Do seu lado.



EU SOU A DIVA QUE VOCÊ QUER COPIAR

Valesca Popozuda
  
O meu brilho você quer
Meu perfume você quer
Mas você não leva jeito
Pra ter sucesso, amor, tem que fazer direito

Eu já falei que eu sou top

Que eu sou poderosa
Veja o que eu vou te falar
Eu sou a diva que você quer copiar

Se der mole, te limpo todinho

Tudo bem, demorô, não faz mal
Passo o rodo e dou uma esfregada
O meu brilho é natural

Abre o olho senão eu te pego

E te dou uma escovada
Toma vergonha na cara
Sai pra lá, falsificada

O meu brilho você quer

Meu perfume você quer
Mas você não leva jeito
Pra ter sucesso, amor, tem que fazer direito

Eu já falei que eu sou top

Que eu sou poderosa
Veja o que eu vou te falar

Eu sou a diva que você quer copiar